#30 - Memória fraca?
Descubra o porquê e pare de esquecer tudo que leu em horas ou dias! 🗣
Nas edições anteriores…
#29 - A.I., a primavera…
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Tempo de leitura: 10 minutos
A queixa é constante. Ninguém mais retém informação de forma eficiente. Quando eu lembro da minha memória de adolescente eu até sinto inveja... Mas de onde vem esse mal funcionamento? É um fenômeno individual ou social? Tem cura? O que precisa mudar para que tenhamos a nossa memória de volta? Vamos conversar e descobrir? Bem vindo a Papo Essencial, a newsletter que quer te fazer pensar e rabiscar novos caminhos para uma vida criativa e feliz!
Saúde física e mental X memória
Ler e esquecer me gera uma frustração enorme, uma sensação de perda de tempo ou improdutividade... Mas nem sempre é possível controlar meu foco e atenção e existem percalços que realmente atrapalham lembrar o que estudei. É o caso de algumas condições de saúde e estados pós infecciosos. Se você já teve Covid 19, sabe o que estou falando…
Estudos mostram que, além dos efeitos respiratórios, esse vírus também pode causar disfunções cognitivas, incluindo a chamada "névoa mental" (brain fog), que afeta a capacidade de foco, atenção e memória. Estou vivendo isso nesse momento e parece que tem algo muito errado ou quebrado em mim. Isso se deve ao impacto da Covid no sistema nervoso central. E pode demorar um tempo para voltar ao normal… Paciência!
Mas isso pode ocorrer também com o vírus da herpes, a hepatite C e até mesmo estados crônicos de inflamação do corpo por alergias alimentares ou excesso de estresse, sabia? Um cérebro inflamado tem mais dificuldade de formar memórias. E o estresse prolongado aumenta os níveis de cortisol, um hormônio que, em excesso, pode danificar o hipocampo, uma região do cérebro responsável pelas memórias. Você já andou flertando com o burnout? Pois é! Parece que a gasolina da memória vai sempre acabar no meio da estrada…
É isso mesmo, são muitos fatores que impactam nossa memória. E não podemos deixar de citar outras condições como ansiedade e depressão, que também causam um efeito super negativo. Estas condições são um desafio extra, uma vez que o cérebro luta para se concentrar e reter informações, quando está imerso em emoções negativas. E, ainda, vale ressaltar que a privação de sono (muito comum em ansiosos) tem um efeito direto, pois dormir é crucial para a consolidação das lembranças. Já começou a fazer a lista do que pode estar por trás do seu esquecimento? Segura que vem mais…
Estilo de vida
Nem só de doenças crônicas e vírus da moda é feito o nosso esquecimento. O nosso estilo de vida tem um impacto profundo na nossa capacidade de manter o foco e preservar a memória. Muitos fatores associados ao nosso cotidiano – como o uso excessivo de tecnologia, a falta de descanso e a sobrecarga de informações – estão contribuindo diretamente para a deterioração da nossa capacidade cognitiva.
Você e eu vivemos em uma era de excesso de informações, onde somos bombardeados constantemente por dados, notificações e distrações digitais. E além disso, vivemos nos esforçando para realizar várias tarefas ao mesmo tempo (o tal multitasking), o que pode parecer produtivo, mas na verdade fragmenta nossa atenção. O cérebro não consegue processar adequadamente tantas informações de uma vez, o que compromete desde a aprendizagem até a retenção de memória, e aumenta o cansaço mental. Conclusão: tantas informações e estímulos fazem com que a mente tenha dificuldade em priorizar o que é realmente importante e reter em longo prazo. Não fica pedra sobre pedra!
Cansaço e desatenção: um fenômeno coletivo
Boa notícia: você não é 100% responsável pela sua falta de memória. Má notícia: você também não tem como resolvê-la. Para mim fez todo o sentido quando li Byung-Chul Han, autor de "Sociedade do Cansaço", e ele disse que muitos dos problemas que enfrentamos em relação ao foco e à memória são sintomas de um sistema econômico e social que nos sobrecarrega.
É fato que vivemos em uma sociedade que valoriza a produtividade acima de tudo. A velocidade, a eficiência e o desempenho se tornaram os pilares que moldam o nosso dia a dia. Eu sinto a busca constante por fazer mais, em menos tempo, gerando uma pressão que afeta não apenas meu corpo, mas também minha mente: a perda de memória, a falta de foco e o cansaço mental...
Segundo Han, essa cultura do desempenho nos transforma em indivíduos que vivem em um estado permanente de hiperatividade. Somos forçados a ser, ao mesmo tempo, patrões e empregados de nós mesmos (eureka!). E sou testemunha de quanto isso gera um desgaste constante, pois nunca consigo desligar, nunca posso simplesmente "ser", sem me preocupar com o que "deveria" produzir ou atingir. (Nóia: "Será que Han estava me espiando ao escrever o livro? Hehehe.")
Então, o sedutor mantra do "você pode tudo, basta se esforçar" carrega consigo uma carga psicológica pesada: faz com que a gente nunca sinta que estamos fazendo o bastante. Isso gera exaustão mental, o que prejudica a memória e o foco. Afinal, como lembrar o que lemos quando estamos mentalmente sobrecarregados por tantas expectativas e pressões? Até o lazer se torna uma tarefa a ser "otimizada". A leitura de um livro, por exemplo, deixa de ser um só prazer em si e passa a ser mais um item da lista de "autoaperfeiçoamento". (Estou me esforçando para ler livros inúteis, mas confesso que a maioria ainda é técnico!)
Para completar a equação, no modelo capitalista atual, onde o indivíduo é visto como uma "máquina produtiva", a atenção se tornou uma mercadoria valiosa. Yep: empresas e plataformas competem constantemente pela nossa atenção, utilizando algoritmos para nos manter engajados o máximo de tempo possível. Mas isso tem um preço alto: nossa capacidade de concentração se dissolve em múltiplas distrações. O simples ato de "navegar" pelas redes, saltando de uma notícia para outra, ou de uma notificação para outra, fragmenta a minha atenção e torna mais difícil para o meu cérebro armazenar memórias duradouras. Vivo com a sensação de que estou sempre consumindo, mas raramente processando profundamente o que li e vi. Você também? É, a coisa está bem feia para quem quer lembrar o que estudou…
E tem solução?
A solução precisa ser coletiva… Em vez de focarmos exclusivamente no indivíduo e em suas falhas de memória, é importante percebermos que o problema está também no sistema. A perda de memória e a incapacidade de foco não são sintomas meus, ou seus, mas de uma sociedade que nos pressiona a ser sempre mais produtivos, mais eficientes, e que trata nosso tempo como um recurso a ser explorado. Precisamos amadurecer, conversar e achar novos caminhos… Juntos! Vou retomar essa ideia na próxima edição*.
Enquanto isso, o que você pode fazer?
Reconectar com o tempo humano: resgatar uma relação mais saudável com o tempo e o ócio. Como Han sugere, a capacidade de não fazer nada (Clique Aqui), de simplesmente existir sem a pressão do desempenho, é essencial para a saúde mental e para que possamos recuperar o foco e a memória. (Veja a matéria da BBC no link).
Cultivar a lentidão: Abraçar a lentidão – seja na leitura, na escrita ou em qualquer atividade manual – é uma forma de resistência à sociedade do cansaço. Dar-se o tempo para absorver informações, sem pressa, permite que a mente processe e retenha de forma mais eficaz. (Eu já virei a véia do bordado. Risos)
Exercícios físicos regulares ajudam a proteger a memória e a função cognitiva. O exercício aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro e estimula a produção de neurotransmissores e neurotrofinas, substâncias que promovem a saúde cerebral.
Alimentação balanceada: nutrientes como ômega-3 e antioxidantes (encontrados em peixes, nozes e vegetais) são essenciais para a proteção das células cerebrais e podem ajudar na preservação da memória. (Esses dois últimos são meu eterno desafio. Sigo tentando!)
O Poder da Meditação e das Atividades Manuais
Já concluímos que uma memória saudável vai além do cuidado físico, precisa de cuidados mentais e emocionais. E com o ritmo acelerado, nos sentimos sempre sobrecarregados, e isso nos afeta diretamente. Mas existem, sim, maneiras simples e eficazes de combater esse ciclo de estresse, fadiga e perda de memória: eu escolhi a meditação e as atividades manuais.
A meditação (Clique Aqui), em suas diversas formas, tem sido amplamente reconhecida como uma prática que acalma a mente, reduz o estresse e melhora a função cognitiva. Meditar treina o cérebro para focar em um único ponto, ajudando a mente a filtrar distrações. Isso promove uma melhora da atenção, um fator essencial para a criação de memórias mais duradouras. (Deixei uma prática de 5 minutos para você experimentar).
Por outro lado, o uso de atividades manuais — sejam artesanato, desenho ou bordado — também tem um efeito significativo na redução do estresse e na melhora da memória. Isso porque quando trabalhamos com as mãos, engajamos áreas do cérebro ligadas ao foco, à criatividade e ao processamento cognitivo. Que tal aprender com a gente? (Clique Aqui)
Três efeitos imediatos da meditação e das atividades manuais são:
Conexão mente-corpo: Ao envolver as mãos em uma atividade criativa, o cérebro é desafiado a manter a concentração e se desvincular de preocupações, o que resulta em um estado mental mais relaxado.
Redução de ansiedade: meditar ou desenhar promovem um estado de "fluxo"—um momento em que o foco está completamente direcionado. Isso não apenas diminui a ansiedade, como melhora a capacidade de consolidar novas informações.
Melhora da memória visual e espacial: O ato de desenhar (Clique Aqui), especialmente, reforça a memória visual e espacial, ajudando o cérebro a organizar e recuperar informações de maneira mais eficiente.
E o que isso tem a ver com o pensamento visual?
O resgate do Tempo e da Reflexão
O pensamento visual, que envolve desenhar para pensar, pode ser uma forma de desacelerar e processar informações de maneira mais profunda. Diferente do consumo passivo de dados digitais, o ato de criar imagens exige tempo, atenção e reflexão.
Ao criar mapas visuais, diagramas ou rascunhos, somos obrigados a processar lentamente o que estamos absorvendo. Isso contraria a lógica da pressa e da eficiência. O desenho permite que nossas ideias se revelem de forma orgânica e fluida, sem a pressão de concluir algo rapidamente. No pensamento visual, a jornada importa tanto quanto o resultado final.
Além disso, problemas complexos, como os abordados por Han, muitas vezes exigem mais do que palavras para serem compreendidos. O pensamento visual facilita a visualização de relações, conexões e contextos que, em um primeiro momento, podem parecer caóticos. Ao desenharmos nossos pensamentos, mapeamos não apenas o problema, mas também as possibilidades de soluções.
E desenhar pode ser visto como uma forma de meditação ativa, onde a mente se concentra totalmente na criação de formas, padrões e figuras. Diferente das atividades digitais, o desenho exige um tipo de atenção plena, conectando o corpo e a mente.
Obs. Se você gosta dessa ideia, convido a conhecer o Método Arte da Conversa: https://artedaconversa.com.br/comunidade/ (Clique Aqui)
A conclusão é…
Nosso esquecimento não é simplesmente resultado de preguiça ou falta de disciplina. Vivemos em uma estrutura social que promove a exaustão constante e a distração infinita. Recuperar a memória e o foco vai muito além de práticas individuais — exige uma reflexão sobre o sistema produtivo em que estamos imersos. A solução, então, não está apenas em técnicas de produtividade pessoal, mas em questionar o próprio ritmo em que vivemos.
O que dá para fazer, individualmente, é utilizar a meditação e o pensamento visual como práticas diárias para combater o cansaço crônico e a falta de memória. Essas ferramentas nos ajudam a desacelerar, recuperar o foco e construir soluções de forma significativa e até mesmo coletiva. Mais do que atividades produtivas, desenhar e conversar são gestos de resistência, que nos permitem reimaginar um mundo menos acelerado e mais humano. E quero fazer isso com você no estilo: ninguém solta a mão de ninguém. Então fica por aqui e chama os amigues para acompanharem nosso Papo Essencial: https://artedaconversa.com.br/revista/ (Clique Aqui)
Para praticar agora:
Zentangle: Uma arte meditativa através do desenho de padrões repetitivos. Não precisa saber desenhar! E não precisa ser complexo — simples formas e repetições ajudam a acalmar a mente e aumentar o foco. Veja um exemplo aqui. Você só vai precisar de papel, lápis e caneta preta.
*Spoiler: na próxima edição da Papo Essencial: "A Conversa como Resistência Coletiva".
P.S. Gostou dessa edição? Compartilhe com seus colegas e convide-os a se inscrever para receber as próximas. E me responda, viu? Tem gente aqui do outro lado doida para saber sua opinião!
Lembrete!!! Ative as notificações do Youtube (Clique Aqui) para assistir a nossa Live sobre o livro “Ato Criativo”, no dia 25/09 às 18h45!
Um forte abraço,
Carol Ramalhete
Links dessa news:
Meditação rápida:
Slow Living, BBC:
Zentangle:
Curso on-line Arte da Conversa: https://artedaconversa.com.br/comunidade/
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